CRMV-SP regula mutirões de castração

Com o objetivo de promover mais saúde e bem-estar aos animais o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP) publicou nova resolução que detalha os procedimentos para os mutirões de castração de cães e gatos.

INSTALAÇÕES

A principal mudança em relação às regras anteriores é a determinação de uma estrutura física adequada mínima para a realização dos procedimentos. Agora, além das salas de preá-cirurgia, cirurgia e pós-operatório, são exigidos espaços específicos para troca de vestes da equipe antes da cirurgia (paramentação) e esterilização dos materiais.

O espaço da recuperação dos animais precisa ser fechado, até para evitar que cães e gatos fujam assim que se recuperarem da anestesia. Além das salas independentes para cada etapa do processo de castração, o espaço físico escolhido pelos organizadores precisa ter estrutura física sólida e proteger os animais de mudanças climáticas. “A resolução foi reformulada para garantir mais segurança e conforto aos animais”, sintetiza Mário Eduardo Pulga, presidente do CRMV-SP. “Sabemos que há mutirões de castração realizados em tendas improvisadas em praças, ambiente inadequado para fazer cirurgias”, exemplifica.

EMERGÊNCIAS

Outro avanço da resolução é a necessidade de os organizadores do mutirão indicarem uma clínica ou hospital veterinário para atendimento de emergência. “Caso haja alguma complicação durante o procedimento, o animal precisa ser transferido imediatamente para um ambiente com mais recursos”, lembra Mário Eduardo. A resolução também determina que, para evitar acidentes, não sejam misturados cães e gatos no mesmo ambiente. É uma regra que pode ser cumprida dedicando parte do dia para cada espécie, por exemplo.

ATENDIMENTO

A equipe mínima exigida para o atendimento nos mutirões é de três médicos-veterinários e seis auxiliares veterinários. Na lista de equipamentos e materiais foram acrescentadas macas ou similares, para fazer o transporte dos animais depois de anestesiados, além de respiradores mecânicos e de medicamentos para casos de emergência. “Substâncias para conter paradas cardíacas e hemorragias bem como analgésicos também são obrigatórios”, comenta Mário Eduardo.

TRIAGEM

Com a resolução, os médicos-veterinários seguem no comando dos mutirões. Além de responder pelas cirurgias, antes delas o responsável-técnico deverá garantir que seja feita a triagem clínica. Nessa fase do processo, um profissional examinará o animal, verificará seu histórico de vacinas e de vermifugação, além de checar a ausência de infestações, como de pulgas e carrapatos, condição necessária para que a intervenção cirúrgica não deixe de ser recomendada.

DONOS E TUTORES

A partir de agora, será exigido que os responsáveis pelos animais preencham os termos de autorização de cirurgia e declarem que entendem os riscos do procedimento. Isso, associado às informações obrigatórias que serão transmitidas pelos médicos-veterinários, deverá aumentar a responsabilidade dos tutores dos pets.Eles precisam fazer a parte deles, já que o sucesso do procedimento depende também dos cuidados que o animal recebe em casa”, pondera o presidente do CRMV-SP.

ALTERNATIVAS

A necessidade de vínculo obrigatório entre os organizadores dos mutirões e o governo deixa de existir. “Agora é possível aprovar os mutirões vinculados a instituições públicas, faculdades de Medicina Veterinária e entidades de reconhecida utilidade pública”, destaca Mário Eduardo. “Com isso, pretendemos facilitar a realização dos eventos, sem a dependência de parceria com um órgão governamental.”

APROVAÇÃO

Os projetos de mutirão de castração precisam ser enviados para aprovação do Conselho pelo menos 60 dias antes do evento. Depois do mutirão, os organizadores terão 60 dias para enviar um relatório detalhando suas atividades e as intercorrências. Caso o relatório não seja enviado, os organizadores não terão novos projetos aprovados.

A documentação técnica necessária para a aprovação do projeto está descrita na resolução. Alguns dos itens obrigatórios são registro no Conselho e data e local do evento. O presidente do CRMV-SP comenta que o Conselho já recebeu mais de um projeto de mutirão sem sequer indicar quem seria o médico-veterinário responsável pelas cirurgias.

Entendo que as pessoas se comovam com a questão dos animais abandonados e queiram agir para ajudar”, afirma. “Entretanto, a Medicina Veterinária é uma ciência e precisa ser respeitada para que a saúde pública seja preservada”, finaliza Mário Eduardo.

Reportagem:
Samia Malas e assessoria de imprensa do CRMV-SP • Texto: Marcos Pennacchi e Samia Malas