Três raças de cães ideais para crianças

Saiba por que o Beagle, o Schnauzer Miniatura e o Labrador são boas opções de companhia para crianças

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É difícil encontrar crianças que não adorem cães. Em contrapartida, a espécie canina oferece amplo leque de benefícios para a garotada. Crianças que convivem com cães, por exemplo, aprende valores como a importância de ser amável e gentil. Empatia, compaixão e responsabilidade são outros aprendizados. É reforçada a percepção de que os animais, assim como pessoas, precisam de comida, abrigo, exercício e amor. Mais um aspecto: o cães estimulam a autoestima infantil na medida em que aumenta a sensação de ser amado. Trata-se de amigos que retribuem todo amor que recebe e que faz companhia a qualquer momento do dia ou da noite. Ficam também disponíveis para brincar e prestar conforto quando a criança está acamada.

No campo da saúde, estudos mostram que quando a crianças crescem com animais de estimação, na maioria das vezes é menos propensa a desenvolver alergias comuns graças ao contato precoce com certas bactérias (estão fora da lista as crianças alérgicas a pelos de animais). Também foi detectado que crianças expostas a animais de estimação no primeiro ano de vida são menos sujeitas a asma, por exemplo.

Ter cão faz a criança se exercitar mais, desde os movimentos mais corriqueiros, como os de acariciar, até as interações envolvendo caminhadas e corridas. A interação com colegas, professores, parentes e vizinhança é ampliada quando a criança tem cão sociável e amigável. Dentro de casa, esse mesmo cão contribui para a maior proximidade entre os membros da família.

A companhia de um cão e as interações com ele reduzem o estresse infantil e assim por diante. Muitas raças caninas têm qualidades para serem boas companheiras de crianças. Selecionamos três com, em comum, energia para aguentar o pique da criançada, docilidade extrema para evitar acidentes e paciência para aguentar movimentos bruscos, puxões de bochechas e de orelhas.

COMPACTO: BEAGLE

O Beagle esbanja energia e robustez. É apenas um pouco mais alto que o Schnauzer Miniatura (tem de 33 a 40 cm de alturana cernelha), também abordado nesta matéria, com pelo curto e denso, fácil de manter. “A raça é plenamente confiável, nada agressiva, com alta disposição para brincar, ideal para conviver com crianças de todas as idades”, ressalta Daniel Dewald Paraschin, de São Paulo. Nos 15 anos de existência de seu canil Beagle Meister, ele já colocou Beagles em mais de 300 lares com crianças. Em um apartamento de 55 metros quadrados, no Rio de Janeiro, vivem Yasmin Silva e seu marido, Caio, com o filho deles, Bernardo, de 11 meses, além dos Beagles Zeus (2 anos e 6 meses) e Dara (3 anos e 2 meses, adotada em outubro de 2015).

Para Zeus, o momento mais delicado foi deixar de ser o centro das atenções quando Bernardo chegou da maternidade. “Por umas três semanas, Zeus andou cabisbaixo e deixou de dormir conosco, mas sem ser agressivo”, relata Yasmin. “Sempre que Bernardo chorava, o que era frequente, Zeus fazia cara de irritado, saía de perto e só voltava depois de o barulho ter acabado”, descreve. Mas Zeus também cheirava Bernardo bastante e, às vezes, dava uma lambida tímida nos pés dele.

Três semanas depois da chegada de Bernardo, uma surpresa. “Do nada, Zeus entrou no berço usando a cadeirinha próxima para escalar, deu uma lambida bastante tímida e rápida em Bernardo e se deitou ao lado dele”, descreve Yasmin. “Foi a coisa mais linda”, comove-se.

Agora Bernardo adora ir atrás de Zeus e de Dara, puxar rabos, orelhas e patas deles, além de mexer nas medalhas de identificação de ambos. “Os dois Beagles são sempre dóceis e amigáveis com Bernardo; nunca reagem mal”, conta Yasmin. “Quando levam puxão do Bernardo ou são atingidos por algum gesto brusco dele, sua única reação é olhar para mim com carinhas de coitados, como se pedissem socorro, sem sair do lugar.” Yasmin confia tanto nos Beagles que os deixa com Bernardo na sala enquanto trabalha na cozinha americana, de onde tem ampla visão do trio.


Arquivo de Yasmin Silva- Repouso: Até no berço Zeus faz companhia ao bebê

Zeus e Dara contribuem para o desenvolvimento de Bernardo. Na parte motora, ele é estimulado a tentar pegá-los e, na parte vocal, a emitir sons quando os ouve latir ou choramingar porque querem algo, por exemplo. Bernardo dorme muito e os cães o acompanham. “O que eles mais fazem atualmente é dormir”, ri Yasmin, que está deixando o colchão do casal apoiado sobre o chão para segurança de Bernardo. É lá que repousa toda a família unida: Yasmin, Caio, Bernardo, Zeus e Dara.

DIVERSÃO GARANTIDA

Outra experiência de convívio de Beagle com criança, mas mais crescida, é o de Julia, de 10 anos. Quando ela estava com 6 anos ganhou a Beagle Lili depois de pedir muito um cãozinho. “Não tinha irmãos e foi como se tivesse ganhado um”, relata a mãe, professora Nicole Souza Matos Stelluto, de São Roque, SP. “O Beagle é um cão muito forte e animado, que não se cansa de brincar.”

Assim que Lili vê Julia já pega a bolinha ou “rouba” o que estiver ao alcance e sai correndo. É um desafio para pega-pega. “A diversão é garantida, não tem tristeza perto de Lili, bagunceira e cheia de energia”, diz Nicole. “Ela é muito amorosa, não reage a nada – nunca manifestou agressividade quando Julia pinta e borda com ela.”

A garota brinca com a Beagle sem supervisão no quintal. Lili, por exemplo, não se incomoda quando Julia tira de sua boca a bolinha ou qualquer outra coisa.

A contribuição de Lili para a vida de Julia é positiva em vários aspectos. A menina ficava demais na frente da TV e estava nervosa antes da chegada da cachorra. “Lili fez com que minha filha corresse e se exercitasse, trouxe alegria para ela e deixou-a mais calma”, opina Nicole. “Júlia também se tornou mais responsável, já que ajuda a cuidar da Beagle e aprendeu a amar e a respeitar mais os animais de forma geral.”

Lili e Julia brincam todos os dias. Julia sozinha leva a Beagle para passear. “A novidade é que Lili aprendeu a andar sem coleira e não foge.” Nicole e o marido dela também se beneficiaram. “Antes de ter Lili éramos sedentários: agora eu corro e meu marido faz caminhada, sempre com a Lili”, conta Nicole. “Só não deixo Lili entrar em casa, porque destrói minhas plantas.”


Foto: Arquivo de Nicole Souza Matos Stelluto

Rotina da Lili

Horas por dia dentro de casa:  Nenhuma.

Horas diárias de atividade:  Cerca de 6 horas.

Atividades rotineiras: Caminhada (1 hora por dia), muitas brincadeiras com Julia.

PORTE GRANDE: LABRADOR

Para quem busca um cão de companhia grandalhão, que seja sociável e dócil com as crianças, e que tenha, ao mesmo tempo, muito pique para brincar, o Labrador é forte candidato. Não à toa ele é um dos cães de companhia de grande porte mais populares (tem de 54 a 57 cm de altura na cernelha e pelo curto e denso, fácil de manter).

Quem se lembra do famoso Marley, aquele do filme de sucesso, que aprontava mil e uma, mas tinha bom coração e amor incondicional pelos donos, saiba que hiperatividade é desvio comportamental na raça. Daí a importância de adquirir o cão de criador comprometido com a qualidade dos acasalamentos. “A identificação dos Labradores com crianças é grande: elas são sempre as primeiras a serem lambidas por eles”, ressalta Alcides Moraes, do Pineland Kennel, de Petró- polis, RJ, que já conviveu com mais de 150 cães da raça e tem criação desde 2004.

SÓ AMOR

Os filhos da professora de Ballet Ava Rozenblat, do Rio de Janeiro Guilherme, de 15 anos, e Rodrigo, de 9 anos – adoram Zeus, Labrador com quase 3 anos. No apartamento onde vivem, o cão só não tem livre circulação nos quartos, onde a permissão de acesso é apenas eventual. Quando Zeus veio, Rodrigo tinha 6 anos e cães lhe causavam pânico. “Ao ver um, mesmo que à distância, quase se jogava na rua por menor que o animal fosse”, conta Ava.


Arquivo de Ava Rozenblat  – Rodrigo e Zeus: do medo à amizade

O medo aconteceu também com Zeus quando chegou, mesmo sendo filhote e só querer brincar. Mas dois meses depois, Rodrigo mudou. Foi num hotel fazenda onde a família estava hospedada. Ele viu Zeus feliz, com várias crianças de 2 anos em cima dele e observou atentamente. Algumas estavam sentadas no cão, outras puxavam as bochechas dele e as orelhas. “Zeus é assim mesmo: deixa as crianças fazerem o que querem enquanto fica olhando para frente, como se nada estives- se acontecendo”, conta Ava. No dia seguinte, para surpresa de todos, Rodrigo chamou Zeus para uma caminhada pelo terreno, só os dois e sem coleira.Agora Zeus acompanha Ava e os dois garotos na volta da escola, ca- minhando. Se alguma criança desconhecida chega perto, logo quer lambê-la e deixá-la fazer de tudo.

Quando Guilherme e Rodrigo estão em casa, Zeus fica com eles e topa qualquer brincadeira. É beijo- queiro, gosta de receber carinho das crianças e deixa que elas se deitem apoiadas nele, como se fosse travesseiro. Também as estimula a correr atrás dele fazendo arte como pegar uma roupa ou meia que está a seu alcance, picar algo de papel, invadir o quarto e subir na cama ou tendo outro comportamento que sabe ser errado.

Mas com relação às interações com as crianças, a confiança de Ava em Zeus é total. “Os garotos ficam direto sozinhos com ele”, diz. “Ela não tem maldade nem agressividade, é só amor  incrível essa raça.”


Fotos: Arquivo de Talita Mancino – Cacau, Lucca e Luiz Miguel: Uma festa só

De manhã Cacau fica com Talita e à tarde, quando as crianças voltam da escola, permanece com elas. Terminadas as lições de casa, é uma festa só. “Por cerca de duas horas, os meninos e Cacau brincam dentro de casa como se fossem três crianças”, resume Talita. É interessante como Cacau é mais cuidadosa nas brincadeiras com Lucca, 5 anos menor. Depois, o trio assiste à TV no sofá, com a Labrador descansando ao lado. “Minha confiança em Ca- cau é total: não tenho receio em dei- xá-la com os meninos”, diz Talita.

Quando estava com 5 meses, Cacau deu exemplo de seu instinto de proteção. Lucca, ainda com 2 anos, acordou sem avisar e começou a descer a escada. “Cacau imedia- tamente correu para cima, eu atrás dela, e empurrou Lucca de modo a impedi-lo de descer”, relata Talita. “Foi lindo!”

Cacau age bem diferente do outro cão da casa, o Lhasa Apso Toddy, de 2 anos e 7 meses. “Toddy é sem paciência com os meninos: morde-os sempre que mexem na comida dele e quando insistem em brincar com ele”, compara Talita.

 

Rotina do Zeus

Horas por dia dentro de casa: De 22 a 23 horas. No restante do tempo, sai para caminhar.

Horas diárias de atividade: 5 horas. Semana sim, semana não, vai à propriedade da família na Serra, onde Zeus se torna bem mais ativo, interagindo com outros cães, fazendo mais passeios e até tomando banho de lago.

Atividades rotineiras: Caminhada, interações e brincadeiras com Ava e os meninos, roer osso

Rotina da Cacau

Horas por dia dentro de casa: Aproximadamente 7 horas. Fica na garagem, com acesso livre ao interior da casa. De lá pode ir também ao portão de acesso à propriedade.

Horas diárias de atividade: Cerca de 13 horas.

Atividades rotineiras: Brinca com as crianças, com Diego e com o outro cão da casa. Acompanha Talita pelos cômodos. Desce e sobe correndo a escada que dá acesso ao portão cada vez que ouve barulho na rua. Sempre que alguém se aproxima do portão, late forte e não deixa a pessoa encostar.

SENSIBILIDADE

No sobrado da recepcionista Talita Mancino e de seu marido, Diego, de São Paulo, vive a Labrador Cacau, hoje com 3 anos. Ela chegou com 2 meses, quando os filhos do casal, Luis Miguel e Lucca, tinham, respectivamente, 7 e 2 anos. “Nos primeiros dias, ficou tímida, mas logo revelou ser um furacão”, ri Talita brincadeiras com Lucca, 5 anos menor. Depois, o trio assiste à TV no sofá, com a Labrador descansando ao lado. “Minha confiança em Cacau é total: não tenho receio em deixá-la com os meninos”, diz Talita.

Quando estava com 5 meses, Cacau deu exemplo de seu instinto de proteção. Lucca, ainda com 2 anos, acordou sem avisar e começou a descer a escada. “Cacau imediatamente correu para cima, eu atrás dela, e empurrou Lucca de modo a impedi-lo de descer”, relata Talita. “Foi lindo!”

Cacau age bem diferente do outro cão da casa, o Lhasa Apso Toddy, de 2 anos e 7 meses. “Toddy é sem paciência com os meninos: morde-os sempre que mexem na comida dele e quando insistem em brincar com ele”, compara Talita.

ANIMAÇÃO

Em julho de 2014, a professora Ruth Pinheiro, de São Paulo, deu o Labrador Teddy ao filho dela, Lucca, no 12o aniversário. Era o pedido dele “para alegrar a casa”. Além dos pais, moravam lá os avós maternos, mas a avó perdera a visão e o avô não saia da cama. A Labrador que vivera com eles por 10 anos voltara para a casa da dona, a irmã de Ruth. Uma vira-lata a substituíra, mas era arisca.

A afetuosidade de Teddy, que chegou com dois meses, combinava com uma fantástica carga de energia. “O clima de tristeza não existe mais em casa”, assegura Ruth. O envolvimento desse cão ficou evidente quando, dois meses depois da chegada, veio até Ruth na área externa da casa e, latindo muito, conduziu-a até a parte interna onde estava Lucca com a perna quebrada.

A rotina de Teddy no período letivo é acordar às 5h30 com Lucca (os dois dormem juntos). “É só o meu filho pegar a mochila para ir à escola e Teddy a puxa e senta em cima dela, como se dissesse ‘não vou deixar você sair’”, conta Ruth. Antes de ela sair para trabalhar, passeia por 20 minutos com Teddy na pracinha perto de casa. No restante da manhã, a avó de Lucca se sente prestigiada de tanto que Teddy a acompanha pelos cômodos. Depois, o cão, ela e o avô de Lucca caminham juntos na praça por uma hora ou mais. Às 12h30, Lucca volta da escola e brinca bastante com Teddy dentro de casa. O cão pega bolinha no ar, corre atrás de garrafa pet, disputa cabo de guerra, entra em bacia com água na varanda. São cerca de duas horas e meia de ação e mais uma hora ou mais de passeio de Lucca com Teddy, que na praça faz brincadeiras como pegar graveto arremessado. “São inseparáveis até quando Lucca estuda ou joga videogame, momento em que Teddy descansa”, comenta Ruth. Quando o marido de Ruth chega à tarde, caminha mais uma hora com Teddy e à noite os dois saem por 40 minutos cada vez. Teddy adora se exercitar.


Arquivo de Ruth Pinheiro – Tedy e Lucca: O lar está mais alegre

MENOR DOS TRÊS: SCHNAUZER MINIATURA

Menor raça entre as três desta reportagem, o Schnauzer Miniatura desenvolve forte ligação com crianças (tem de 30 a 35 centímetros de altura na cernelha e pelagem densa e semilonga).

No convívio, presta muita atenção na garotada e é solícito. “Essa dedicação torna o Schnauzer Miniatura também um sucesso com crianças autistas”, acrescenta Oscar Plentz, do canil Boa Barba, de Porto Alegre.

Extremamente dócil, esse cão aceita puxões de barba e orelhas, além de ser bastante interativo e brincalhão. “Parte dos Schnauzers Miniatura, tanto fêmeas quanto machos, vai além: cuida das crianças da casa como se fossem filhos”, ilustra a criadora Ingrid Moreira, do canil Villa Der Hunde, de Campinas – SP. “Seguem-nas pela casa e, se choram, agoniados avisam os pais.” Ingrid comenta que alguns não permitem que estranhos se aproximem delas. “Latem bastante e chegam a avançar nos pés dos desconhecidos, em atitude mais de alarme que de guarda.”

Também única raça de alarme da reportagem, o Schnauzer Miniatura não recebe automaticamente as visitas com a cauda abanando. Mas mesmo que a recepção seja à base de latidos, não tenta cravar os dentes. “Morder é defeito de temperamento nessa raça”, avisa Ingrid. “É importante adquirir Schnauzers de criadores responsáveis, que estudem bem os acasalamentos e registrem os filhotes.”

Ingrid lembra de outra característica da raça: não soltar pelos. “São excelentes para crianças alérgicas”, enfatiza.

ALTA CONFIABILIDADE

É total a confiança da bioquímica Janaína Scarton, de Porto Alegre, na Schnauzer Miniatura Amora, de 1 ano e 3 meses. Tanto que há cinco meses ela não supervisiona sistematicamente as interações entre a Amora e seu filho Lorenzo, de 4 anos. “Fico atenta apenas durante as brincadeiras mais intensas, para evitar que se machuquem”, aponta.


Fotos: Arquivo de Janaína Scarton – Lorenzo:: Amora está sempre por perto

A Schnauzer é ligadíssima em Lorenzo. Além de geralmente estar perto dele, pronta para brincar, protege-o como pode. Se o escuta chorando, sai correndo e vai ver o que está acontecendo. De manhã, se Lorenzo demora a acordar, ela entra no quarto dele e fica chorando, como se dissesse “chega de dormir, vamos brincar”. “Para ajudar Lorenzo quando brinca de luta, Amora puxa as roupas do meu marido e morde os pés dele”, conta Janaína. “Na vez em que Lorenzo caiu e cortou a testa, Amora chorava enlouquecida ao redor dele; parecia que era ela que tinha se machucado.”

Quando Lorenzo sai para ir à escola, Amora puxa os tênis dele querendo evitar que vá. Se Janaína e Lorenzo estão na rua, Amora fica à espera, deitada no portão. “Caso Lorenzo chegue dormindo, ela o cheira e, decepcionada, baixa a cabeça e vai para a cama dela”, acrescenta Janaína.

“Quanto às atividades, os dois brincam de correr e de pega-pega pelo menos três vezes por dia”, descreve Janaína. Os únicos motivos de queixas de Lorenzo sobre Amora é ela morder os tênis dele ou ter pegado algum brinquedo.

Quando Lorenzo nasceu, a Schnauzer Miniatura de casa era Rebeca, de 8 anos. “Deitava-se ao lado do berço de Lorenzo e quando ele chorava, sinalizava que algo estava errado correndo até onde eu estava e voltando ao berço”, relembra Janaína. Lorenzo começou a engatinhar e ela, já com 9 anos, não tinha muita paciência para toda a energia dele. “Contudo, quando se sentia incomodada, saia de cena  nunca rosnou para Lorenzo.”

Rebeca faleceu quando Lorenzo tinha 10 anos. Foi o primeiro contato que o garoto teve com a morte. Imediatamente depois chegou Amora, que cresceu com o menino e participa de todas as atividades da casa. “Quando vamos ao parque ou saímos para caminhar ou andar de patinete, Amora fica louca se for excluída.”

Os amiguinhos do Lorenzo são sinônimo de diversão para Amora. “Ela faz as crianças cansarem de tanto correr”, conta Janaína.

CARÍCIAS DURADOURAS

A técnica em enfermagem Bruna Lima, seu marido Thomaz e o filho Pedro, de 2 anos, têm dois Schnauzers, Nina e Fred, respectivamente de 3 e 8 anos. Amáveis com a família, os cães têm acesso à casa toda quando os donos estão e, quando saem, ficam na cozinha. “Levamos os Schnauzers para passear por cer ca de 20 minutos e Pedro faz questão de conduzir um deles sozinho, apesar de ser quase arrastado pelo animal”, comenta Bruna.

Nina é a mais calma dos dois. Aproxima-se devagar e deita, pedindo carinho, ou encosta a cabeça na mão ou na perna das pessoas, o que estiver ao alcance. Já Fred é mais agitado: pula, late, corre, é mais estabanado. Mas ambos são dóceis com Pedro e as crianças em geral. “Minha afilhada vem em casa só para ver os Schnauzers; senta-se no chão com Pedro e ficam por horas acariciando os cães”, relata. “Mesmo quando a meninada cutuca e puxa as orelhas deles, os dois Schnauzers não reagem”, conta Bruna. “Perfeitos para famílias com crianças, esses cães amam estar próximos, deitam-se debaixo do sofá, andam atrás da gente onde for”, acrescenta. “Como não permito que subam no sofá, relaxam no tapete.”

Por serem cães de alerta, latem quando quem bate à porta é estranho. Mas não se comportam como guardas: não atacam, rosnam ou mordem. “São supereducados e inteligentes, mesmo sem adestramento, apenas cuidados e ensinamentos caseiros”, finaliza Bruna.


Arquivo de Bruna Lima – Nina e Fredy: diferentes mais ambos muito dóceis

DICAS DE CONVIVÊNCIA ENTRE CÃES E CRIANÇAS

A seguir, o adestrador André Barreto, de São Paulo, e os criado- res entrevistados dão dicas sobre como maximizar o aproveitamento da relação entre cão e crianças:

•Chamar o cão em vez de ir até ele: Para evitar eventual incômodo no cão que possa causar reação hostil ou mordida, a criança não deve se aproximar bruscamente dele. Ensine-a e chamar o animal. Assim será impossível importuná-lo ou assustá-lo caso esteja dormindo ou roendo osso, por exemplo;

• Não estimular o instinto de perseguição: Correr do cão ou andar de bicicleta ou skate perto dele são estímulos para que comece a perseguir, ação que pode acabar com a criança se machucando;

• Não causar desconfortos físicos: A criança deve aprender a não puxar o rabo, as orelhas ou os lábios do cão e também a não carregá-lo no colo em posição incômoda;

• Criar oportunidades para estreitar o vínculo: Fazer a criança re- compensar o cão quando acerta em treinos de obediência, por exemplo, é um jeito de estreitar os laços entre eles;

• Não permitir que crianças pequenas conduzam o cão sozinhas: Há risco de acidentes já que os cães conseguem arrastar facilmente crianças pequenas puxando a guia;

• Proporcionar exercício e distração ao cão: A atividade física e mental do cão é importante para mantê-lo comportalmente equilibrado e, assim, evitar acidentes;

• Socializar o cão: Desde a infância, o cão precisa se acostumar com crianças e associar a presença delas com algo positivo. O ideal é iniciar esse trabalho a partir dos 2 meses de idade do cão;

• Não oferecer as mãos como alvos: Esse cuidado evita que o cão acabe ferindo as mãos da criança bem como que ela machuque o cão, principalmente se for ainda filhote. Em vez de usar as mãos nas brincadeiras de abocanhar, é mais seguro utilizar cordas ou brinquedos apropriados para esse fim;

• Supervisão permanente: O comportamento agressivo ou medroso se manifesta nos cães geralmente no período de adaptação ao novo ambiente, que costuma ser de duas semanas. Mas pode acontecer depois, dependendo do cão ou da situação.

Agradecemos os entrevistados 

Alcides Moraes: Pineland Kennel (www.pinelandkennel.net); André Barreto: www.andrebarreto.com.br; Daniel Dewald Paraschin: canil Beagle Meister (www.fazendaangolana.com.br); Ingrid Moreira & Paulo Paixão Jr.: canil Villa der Hunde (http://canilfilhotes.blogspot.com.br); Oscar Plentz: canil Boa Barba (www. boabarba.com.br); Revisão técnica: Roberto Rodrigues, do Summer Storm Kennel.

Reportagem e coordenação de imagens: Samia Malas * Revisão de estilo: Marcos Pennacchi * Texto: Marcos Pennacchi e Samia Malas.