10 fatos sobre artrite e artrose que você precisa saber

Fique atento aos sinais e às causas dessas doenças, que podem surgir em pets de qualquer idade, não só nos velhinhos

Por Samia Malas

Foto: Monica Click/iStock

Problemas comuns em cães e gatos, principalmente nos de idade avançada, a artrite e a artrose, também chamada de osteoartrose, são condições que não podem ser negligenciadas pelos tutores. Segundo Danilo Roberto Custódio Marques, doutorando pela Universidade de São Paulo, veterinário no Hospital Veterinário Santa Inês, de São Paulo, especializado em Clínica Médica, em Cirurgia de Tecidos Moles e em Ortopedia pela Anclivepa SP, os sinais de ambas as doenças costumam ser claros. Dor, alterações de movimentação como a forma de caminhar ou dificuldade de sentar e levantar, ou até esconder-se por conta da dor são alguns indícios.

O médico Gabriel de Oliveira Lima Carapeba, fisiatra e especialista em reabilitação física de Presidente Prudente, SP, cujo tema de mestrado, realizado na Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), foi sobre osteoartrose em cães, diferencia que os sinais de artrite estão geralmente relacionados à inflamação local mais aguda na articulação afetada, como aumento de volume e temperatura local, vermelhidão, edema e dor e os de osteoartrose incluem relutância e/ou intolerância em realizar exercícios, prostração, claudicação (mancar), dor, atrofia muscular e alterações comportamentais como agressividade. 

A seguir, listamos alguns fatos sobre essas doenças.

1. Atenção ao sobrepeso

A obesidade, mais uma vez, entra na lista de sinais de alerta para doenças ortopédicas. Além de complicações como a diabetes, animais obesos também podem desenvolver artrites e artroses pela sobrecarga de articulação.

2. Diferença entre ambas

Danilo explica que a artrite é uma inflamação que acontece em uma ou em várias articulações, e pode ser tanto de caráter agudo quanto crônico. Já a artrose é uma doença principalmente de caráter crônico. Gabriel enfatiza que a artrose é uma doença articular degenerativa de progressão lenta, que degrada a cartilagem articular com o passar dos anos. “Ela também é conhecida como uma artrite crônica degenerativa. Hoje, alguns estudos nos mostram que uma artrose é uma artrite crônica. Outros, mais recentes, ainda apontam que podemos ter artrose sem ter inflamação”, acrescenta Danilo. Desse modo, a artrite e a artrose são doenças que estão relacionadas. “Uma artrite de caráter infeccioso ou inflamatório, se não tratada, pode levar a uma artrose”, exemplifica Danilo.

3. Idade em que ocorrem

Danilo revela que artrites podem acontecer em qualquer fase da vida do cão, até quando jovem. “As artroses normalmente aparecem em animais mais idosos, mas não é regra. Também podemos observá-las em animais jovens, e de meia idade”, completa. Gabriel concorda, e diz que apesar de mais de 50% dos casos de artrite serem constatados em cães entre 8 e 13 anos, e 20% de cães idosos sofrerem de doenças músculo-esqueléticas, a artrose também pode afetar animais jovens, inclusive com menos de 1 anos de idade.

4. Mais comum

A artrose é a mais comum em cães e gatos. “Aproximadamente 20% dos cães adultos são afetados, e já foi relatado que 60% dos gatos adultos mostraram evidências radiográficas dessa doença”, aponta Gabriel. Segundo Danilo, a artrose é observada principalmente quando há instabilidade das articulações, condição causada por problemas como a displasia coxofemoral e a ruptura do ligamento cruzado cranial.

5. Raças mais propensas

Algumas raças caninas são apontadas pelos veterinários como mais propensas a desenvolver tais afecções pelo fato de serem predispostas a outras doenças como a displasia coxofemoral. Rottweiler, Pastor Alemão e Pit Bull são alguns exemplos. “Animais como Labrador e Golden Retriever também entram na lista, pois podem desenvolver artroses pós-ruptura do ligamento cruzado cranial”, acrescenta Danilo. Gabriel ainda cita a luxação patelar, comum em Yorkshire Terrier, Poodle e Spitz Alemão, e doenças da coluna vertebral, como no Dachshund ou nos Bulldogs, como exemplos de doenças que desencadeiam artrites e artroses. “45% dos cães com artrite pertencem a raças de grande porte. Dentre eles, mais de 50% são de raças gigantes, apenas 28% são de tamanho médio e 27% pequenos”, estima Gabriel.


6. Cuidados exigidos

Se você tem um pet com artrite em casa, Danilo diz que o cuidado exigido varia muito de acordo com o tipo de artrite, que pode ser de origem bacteriana, reumatoide, por fungos, secundária a traumas, alterações do desenvolvimento, como doenças do quadril e cotovelo (displasias coxofemoral e de cotovelo). Já em casos de artrose, os cuidados variam de acordo com a articulação afetada pela doença. No geral, Gabriel aponta manter o animal em piso aderente (que não seja liso), manutenção e redução do peso e prática de fisioterapia realizada por veterinário especializado como cuidados básicos para ambas doenças.

7. Existe cura?

Segundo Danilo, é difícil a cura de animais com artrites e artroses, pois a cartilagem articular não se regenera. Embora existam tratamentos para controle, o pet convive com elas por toda a vida. “Uma vez instalada a artrose, ela vai progredir, mesmo que de forma lenta. Detectar a doença inicialmente ajuda a retardar sua progressão”, aponta o veterinário. Mesmo assim, deve-se procurar por tratamento, que pode ser cirúrgico e/ou clínico, com uso de medicamentos, nutracêuticos, alimentação especial e terapias alternativas, lista Gabriel.

8. Prevenção

A possibilidade de prevenção a artroses é um tema bastante discutido na Medicina Veterinária, aponta Danilo, visto que a maioria dos pacientes já chega no consultório com a doença. “Mesmo sendo difícil prevenir em 100%, uma alimentação controlada, que mantenha o peso ideal do pet, evita que eles tenham doenças degenerativas, principalmente as artroses”, destaca. Gabriel ressalta que quando a artrose possui origem traumática, genética e hereditária, dificilmente pode ser evitada, mas quando é relacionada ao crescimento, pode sim. “Além da já citada redução de peso, manter o animal fora de pisos escorregadios e limitar exercícios exagerados como pular em mesas, sofás, camas, podem ser fatores importantes para reduzir o desenvolvimento de problemas articulares”, garante.

9. Exames disponíveis

Para o diagnóstico de artrite e artrose existem exames variados. Primeiro Gabriel aponta exames clínico, laboratorial e de imagem de fácil acesso. “Em casos mais avançados, podemos avaliar a estrutura óssea com a presença de osteofitos, que podem se desenvolver em volta da articulação. Raio-X, tomografia, análise do líquido sinovial e biópsia de cartilagem, que avalia o grau de lesão da cartilagem, são outros recursos que temos”, lista Danilo.


10. Terapias promissoras

Atualmente existem várias terapias de suporte que mantêm a qualidade de vida dos animais acometidos por essas doenças, como tratamento com fisioterapia e acupuntura, que ajudam muito na amplitude de movimento e no controle da dor. Outras, mais tradicionais, implicam no uso de anti-inflamatórios, analgésicos e suplementação nutricional.

Entretanto, outras alternativas têm sido estudas e tidas como promissoras, como o uso de células-tronco. “Ainda não temos dados que comprovam que as células-tronco conseguem regenerar a cartilagem acometida e doente em casos de artrite e artrose. Mas sabemos que, por terem um efeito anti-inflamatório, desinflamam a articulação e ajudam no controle da dor”, comenta Danilo. Outra alternativa que vem demostrando bons resultados, de acordo com Gabriel, é a aplicação intra-articular de ácido hialurônico (viscosuplementação). “Ela tem efeitos positivos comprovados para cães com displasia coxofemoral e artrose do quadril”, afirma.