Basenji, cão que gosta de subir nos ombros do dono

O Basenji é um cão que foi trazido da África Central por britânicos e começou a chegar ao Ocidente no final do século 19. De origem muito antiga – os ancestrais da raça Basenji passaram pelo Egito dos faraós – esse cão foi encontrado em diferentes tribos africanas, onde, além de ser animal de estimação, era um importante coadjuvante nas caçadas.

As diversas tribos que conviviam com a raça Basenji, como as dos Pigmeus, dos Bapendis e dos Asongo-Meno, adotavam métodos muito semelhantes de caça. A jornada começava com a colocação de um sino de madeira oca contendo badalos de metal no pescoço de cada Basenji. A excitação com a expectativa da caçada imediatamente tomava conta dos cães. A função deles era localizar as presas, cercá-las e acuá-las até a aproximação dos caçadores, que usavam redes e lanças. O tilintar dos sinos ajudava a intimidar a caça e os caçadores a saber por onde andavam os cães, já que as matas eram densas e os Basenjis são caçadores silenciosos. O resultado das caçadas costumava ser bom, com várias presas abatidas, entre elas Antílopes, Porcos-do-Mato e aves silvestres (veja mais detalhes clicando aqui).

Pertencente ao grupo dos cães primitivos, pode-se dizer que o Basenji é meio cão, meio gato, diferenciando-se dos cães em geral em várias particularidades.

A cor da sua pelagem pode variar entre: creme, preto puro, vermelho e branco, preto e branco, malhado, fulvo e branco, mogno e até mesmo tigrado. 

Apêndice charmoso

A aparência do Basenji é comparada à graça das Gazelas pelo padrão oficial da Confederação Brasileira de Cinofilia, que ressalta, entre outras características, a ossatura fina e os membros compridos da raça. A cauda, mantida enrolada sobre a garupa durante boa parte do tempo, em forma de anel com uma curva simples ou dupla, atrai admiração. É o que observam nos passeios os três proprietários de Basenji entrevistados na elaboração desta matéria, cujos cães têm cauda de dupla curva. “Essa é a cauda mais valorizada pela criação”, comenta o criador Savio Steele, do canil Itapuca, de Niterói, RJ, dedicado à raça há 13 anos e que já conviveu com mais de 50 Basenjis adultos.

Cachecol canino

Carregar o Basenji sobre os ombros é um hábito secular, que já era praticado pelas tribos africanas, e que continua a ser adotado até hoje pelos fãs da raça mundo afora. “O Basenji ama ficar nessa posição e pode permanecer nela por horas”, diz Steele.

Nas alturas

O gosto por locais altos é uma característica muito presente na raça. O Basenji Babu, por exemplo, é frequentemente encontrado em cima da casinha dele, conforme relata sua dona, a médica Elaine Oliveira, de Campinas, SP. A raça também é normalmente boa saltadora. “Babu é o único cão da casa que, com seu salto, alcança as roupas penduradas no varal e as pega para brincar”, conta Elaine, que tem também dois Labradores e um Boiadeiro Bernês. Ela acrescenta que as roupas voltam inteiras dessas brincadeiras, precisando apenas ser lavadas de novo.

Voz diferenciada

Em vez de latir, o Basenji se expressa com um quase uivo (veja e ouça aqui ), produzindo um som definido no padrão da raça como entre o chortle (pequenas risadas sucessivas) e o yodel (canto típico dos Alpes que alterna voz normal com falsete). Às vezes, quando Babu passeia, resolve soltar a voz e causa surpresa. “As pessoas estranham ao descobrir que aquele som foi emitido por um cão”, relata Elaine.

Higiene felina

Além do porte compacto e da pelagem curta, características que facilitam manter os cães com boa aparência, o Basenji tem o hábito de se limpar com a língua e de se manter atento à higiene. “O meu Basenji não fica diretamente sobre o chão: é preciso que haja um papelão, jornal ou tapete”, exemplifica a professora aposentada Daissi Crema, de Santo André, SP, dona da Basenji Kili, de 9 anos.

Cios espaçados

Os cios do Basenji ocorrem em intervalos de tempo maiores que os da espécie canina em geral. É o que Daissi teve oportunidade de constatar pessoalmente em Kili. Em vez de entrar no cio a cada seis meses, como é de se esperar nas cadelas, só entra no cio a cada oito meses, periodicidade que se aproxima mais do cio anual das lobas e cadelas selvagens.

Esperteza aguçada

O Basenji é uma raça bastante esperta para solucionar por conta própria os desafios do dia a dia. Dono de dois exemplares da raça, com cerca de 2 anos cada um, o estudante de veterinária Gustavo Neves, de Niterói, RJ, teve a oportunidade de observar essa esperteza praticada em dupla. “Para ajudar Thor a entrar em casa, Kiara empurra com um salto a porta vai-e-vem e, antes que se feche automaticamente, Thor passa pelo vão”, conta.

Quando o interfone ou a campainha tocam, Kili fica aflita para que abram logo a porta, na expectativa de ter alguém novo para interagir. “Mas ela diferencia esses toques dos do telefone, os quais ignora, já que não estão associados à imediata entrada de alguém em casa”, conta Daissi.

Sem grude excessivo

A proximidade dos donos agrada ao Basenji, mas sem implorar por atenção. “Kiara e Thor me recebem com abanos de cauda e uivos de felicidade e logo depois da troca de carinhos correm para o quintal onde continuam a brincar”, exemplifica Neves, que aprecia muito a afetividade sem exageros.

Com crianças

O filho de Elaine, João Pedro, que tem 2 anos, prefere o Basenji Babu para brincar do que os dois Labradores e o Bernese da casa. “Os quatro são sociáveis com as crianças, mas Babu é o que mais gosta de um corre-corre com elas”, explica Elaine.

Caráter amistoso

A sociabilidade do Basenji costuma se estender a todos os moradores da casa, apesar de ele eleger uma ou duas pessoas preferidas. Os visitantes também são bem recebidos, tanto os adultos quanto as crianças. “Kili não perde oportunidade para interagir”, relata Daissi. Elaine observa que os outros cães da casa também são alvo da sociabilidade de Babu. “Ele se diverte brincando de luta com os cães machos da casa, o Labrador Frederico e o Boiadeiro Rufus, apesar de ser bem menor”, diz Elaine. Já os cães desconhecidos não recebem o mesmo tratamento. “Apesar de Kili ser sociável com cães que encontra fora de casa, não costuma tolerar a presença de cão desconhecido no território dela”, diz Daissi.

Jovem ativo

Os três proprietários consultados saem para caminhar com seus Basenjis todos os dias. Ter a possibilidade de se exercitar em ambiente externo por cerca de uma hora é importante para a raça, especialmente nos primeiros anos de vida. Depois, a tendência é o Basenji se acalmar. Kili, por exemplo, que está com 9 anos, com a idade passou a brincar bem menos com os cães que encontra no parque.

Mandíbulas bem trabalhadas

Os filhotes de Basenji roem na fase do crescimento dos dentes e, depois disso, durante o primeiro ano de vida. Cabe ao dono administrar para que a destruição se concentre em brinquedos próprios para roer, de modo a preservar pés de mesas, poltronas, controles remotos, sandálias, casinhas e para-choques dos carros.

 

Independência domável

Mesmo sendo independente, o Basenji se dispõe a obedecer, como constataram os três donos consultados. Mas todos eles educaram seus Basenjis desde filhotes com voz firme e petiscos, boa moeda de negociação. “Sempre que Kili usa o banheirinho dela, acostumei-a a ser recompensada com algo gostoso e, com isso, ela nunca faz no lugar errado”, comenta Daissi. “Mas, em compensação, cada vez que faz no jornal vem cobrar: fica parada na minha frente até ganhar a guloseima”, finaliza.