Como fazer o cão obedecer na rua

É mais difícil o cão obedecer quando está em ambiente público. Nesses locais há mais ocorrências que o distraem, reduzindo a atenção dada ao condutor e aumentando o risco de acidentes.

Pode-se dizer que o treinamento do cão fora de casa corresponde a uma pós-graduação. Para iniciar essa etapa, ele precisa antes ter passado pela graduação, ou seja, ter aprendido a atender ao “junto”, “senta”,ca” e “vem” no ambiente caseiro, dentro de casa ou no quintal, em local com poucas distrações (veja como ensinar em https://caes-e-cia.com.br/materias/ler-materia/195/treinando-o-cao-para-obedecer-sem-guia). Quando o cão estiver dominando esses exercícios, poderá́ começar o treino em locais com mais distrações.

 

 Nível baixo de distrações 

 

A obediência na rua é praticada em ambiente com mais distrações que as da rotina caseira. Para tanto, é importante que o cão considere a premiação pelos acertos mais interessante que as distrações, caso contrário perderá o interesse em fazer corretamente os exercícios.

O prêmio, portanto, deve ser o petisco ou brinquedo favorito dele. É também recomendável que os primeiros treinos ocorram com um nível de distrações intermediário entre as distrações caseiras e as da rua. Para tanto, pratique essa etapa ainda com o cão dentro da propriedade, mas de onde ele possa ver a rua, bem como possa ouvir seus sons e sentir os cheiros vindos dela. Comece a sessão conduzindo o cão pela guia até as proximidades do portão de acesso à rua. Pare um pouco antes e deixe o cão cheirar o local por 30 segundos.


Fotos: arquivo André Barreto- Segunda etapa: aprendizado perto do portão, já com alguma influência de distrações vindas da rua

Contato visual quando chamado

Chame apenas uma vez o cão pelo nome. Se ele olhar para você, clique (*), recompense-o assim que houver contato visual e, depois, deixe-o cheirar o local por mais alguns segundos. Se você o chamou e ele não olhou para você, deixe-o cheirar por mais 30 segundos e chame-o novamente.

Ele atenderá quando estiver menos distraído pelos atrativos da rua. A sessão pode durar de dois a cinco minutos. Procure finalizá-la com o contato visual, para que o cão receba a recompensa final do treino: você clicar e sair com ele para passear. Nessa ocasião, aproveite para exercitá-lo a não puxar a guia (veja como em https://caes-e-cia.com.br/materias/ler-materia/215/o-primeiro-passeio-do-filhote)

Quando ele estiver atendendo regularmente ao chamado pelo nome, passe para a próxima etapa “Senta”, “ca”, “vem” e “junto” Diga o nome do cão seguido pelo que você deseja que ele faça. Por exemplo, “Rex, senta”. Clique, recompense-o por sentar e permita que cheire o ambiente por 30 segundos. Quando ele praticar bem esse exercício, passe a pedir “senta” e “ca”. Clique e recompense se ele atender. Use o “junto” para deslocar o cão para outro lugar próximo ao portão. Clique e recompense por seguir junto.

Quando o cão não atender a um pedido, aguarde 30 segundos para fazer nova solicitação. Nunca repita o pedido para não acostumá-lo a não obedecer. Procure finalizar sempre a sessão com um acerto, para poder oferecer como recompensa o passeio na rua. Quando o cão praticar corretamente, passe para a etapa a seguir.

Distrações médias e altas

Repita o mesmo processo anterior, mas agora numa rua ou praça calma. Identifique as distrações que mais alteram o comportamento do cão e dessensibilize-as. Para tanto, comece praticando distante da distração, de modo que o cão não se interesse por ela, e premie-o pelos acertos. Quando ele obedecer você naquela distância, vá treinando mais próximo da distração, até o cão obedecer estando bem perto dela. Depois de vencida essa etapa, o treino poderá ser feito em ambiente público com muitas distrações.

Dicas gerais

Cão aliviado: antes de iniciar o treino em área externa, certifique-se de que o cão não esteja precisando ir ao banheiro. A maioria dos cães se sente estimulada a fazer as necessidades na rua e, enquanto não se alivia, perde a concentração;

Cão satisfeito: para o aprendizado render, o cão deve se sentir bem e confortável, sem sede nem fome (mas sem estar farto, para não perder o interesse por petiscos ou brincadeiras). Se ele der sinais injustificados de medo ou agressividade, para amenizá-los conte com o acompanhamento de um profissional especializado

Sem pressa: o cão não costuma se tornar obediente na rua da noite para o dia. Siga progressivamente os passos do treino. Se nem todos os objetivos forem alcançados, pelo menos será atingido um nível satisfatório de segurança;


Fotos: arquivo André Barreto-Terceira etapa: treino em Praça ou rua com mais distrações, mas sem exageros. Só depois disso, o treino acontecerá em local público com muitas distrações

Treinar desde filhote: a partir dos quatro meses de vida, o filhote descobre um mundo cheio de novidades. Ele se distrai facilmente e parece não escutar os pedidos, ainda mais em ambiente externo. Mesmo assim, pratique a obediência sem deixar que ele ignore o seu pedido, de modo que crie o hábito de obedecê-lo assim que receber a instrução;

Adestrar pode salvar: se a coleira quebrar ou o cão escapar dela, atender ao “ca” ou ao “vem” poderá evitar acidente;

Manter na guia: há situações em que o treinamento não faz o cão voltar até você. Por exemplo, ele ser surpreendido por forte barulho ou sentir cheiro de fêmea no cio do outro lado da avenida. Com o uso de guia, o cão fica muito menos sujeito a ser atropelado, a atacar, a ser atacado por outro cão e a causar acidente assustando pessoas, além de atrair a simpatia da comunidade e de evitar multa nos municípios que as aplicam para cão solto em local público. Só dê mais liberdade a ele em área reservada e segura, como em parque ou Praça que permite cães soltos.