Tire suas dúvidas sobre a toxoplasmose!

A toxoplasmose, causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, é uma zoonose cosmopolita. Ou seja, existe em todo o mundo. No Brasil, um em cada dois cidadãos tem sorologia positiva para a doença. O dado é de um estudo divulgado em 2012 pela pesquisadora Maria Regina Reis Amendoeira, chefe do Laboratório de Toxoplasmose do Instituto Oswaldo Cruz. Todo ser vertebrado de sangue quente está sujeito a ser contaminado pela doença e, a partir daí, a retransmiti-la.

Um modo de contrair a toxoplasmose é pela ingestão de fezes de felino doméstico ou selvagem recém-infectado. Para acontecer a contaminação, basta que partículas dessas fezes estejam em verduras, legumes, frutas, ervas ou na água. Elas podem também ser levadas à boca inadvertidamente.

Somente nas células da mucosa intestinal dos felinos ocorre a liberação dos oocistos (ovos) do parasita da toxoplasmose. Nessa fase, a cada defecação são expelidos milhões de oocistos. Diante desse quadro, o papel de vilões dessa história tem sido atribuído aos felinos.
Mas é preciso levar em conta que o risco que oferecem é remoto. A produção de oocistos só acontece se o animal nunca foi infectado antes pelo protozoário e enquanto a infecção estiver em sua fase aguda, que dura cerca de 20 dias. Além disso, os oocistos só conseguem infectar se tiverem esporulado, o que exige permanência das fezes no ambiente por pelo menos 48 a 72 horas.
Outra maneira de propagação da toxoplasmose acontece pelos taquizoítos, forma infectante do protozoário encontrada em líquidos corporais como sangue, leite e esperma. Mas eles logo são vencidos pelo sistema imunológico do hospedeiro e deixam de atuar quando termina a fase aguda da infecção.
Já a transmissão por ingestão da carne de animal infectado é permanente, pois acontece fora dos 20 dias da fase da infecção aguda. Nesse caso, os tecidos musculares contêm cistos do protozoário, que não precisam esporular como os oocistos e que não estão livres na circulação, como os taquizoítos. Ao serem ingeridos, esses cistos infectam o hospedeiro.
Quando o cisto é ingerido por felino, o parasita é liberado no intestino do animal, dando início ao ciclo da formação dos oocistos. A ingestão de carne de roedores e pombos é a que oferece maior risco aos gatos.
​Qual é a forma de contaminação?
A ingestão de carne crua ou mal passada de suínos, caprinos, animais silvestres e aves infectados é uma das maneiras mais comuns de as pessoas pegarem toxoplasmose. Outra, é por meio de verduras mal lavadas.
Há também a infecção transmitida de mãe para bebê (transplacentária e por aleitamento), mas isso só pode acontecer se a mãe estiver recém-infectada.

A transmissão mais rara é a por gato infectado, possível somente se o animal estiver nos 20 dias da fase aguda e se houver contato com as fezes dele e, ainda, se os oocistos já tiverem esporulado.

Há risco na gravidez?

Não é mito dizer que mulher grávida pode contrair toxoplasmose de gatos. Mito é dizer que a proximidade desses animais pode transmitir toxoplasmose. Nem todo gato tem toxoplasmose e, ainda que tenha, somente poderá passá-la durante a fase aguda e desde que os oocistos estejam viáveis.

 

Pegar o gato no colo, afagá-lo, passar a mão na pelagem dele e ser lambido por ele não transmitem toxoplasmose. Desde que me conheço por gente, convivo com gatos e nunca fui reagente para a doença. Tive uma gravidez e o meu filho, que tem contato com meus mais de 20 gatos, também nunca foi reagente.

 

Sintomas da toxoplasmose

Em geral, tanto em animais quanto em pessoas, a toxoplasmose não causa sintomas, nem mesmo na fase da infecção aguda. Quando aparecem, são leves, como febre, apatia e mal-estar. Raramente há manifestação de problemas neurológicos, perda de visão e convulsões. O tratamento é feito com antibióticos e/ou corticoides, dependendo do caso. Em cerca de 90% dos casos humanos não há sintomas ou eles são brandos.

O Instituto Adolfo Lutz, porém, tem detectado variações do parasita que estão aumentando os sintomas mais graves, como danos cerebrais e até morte. A ameaça tem atraído maior atenção das autoridades para a doença.

O que fazer para evitar a reinfestação?

Estudo publicado no International Journal for Parasitology pela Australian Society for Parasitology, indica que, diferentemente do que se imaginava, quem já foi infectado por toxoplasmose não está imune a uma nova infecção. O motivo é que cepas diferentes do protozoário podem não ser reconhecidas pelos anticorpos já existentes.

 

Por isso, mesmo que você já tenha contraído toxoplasmose, previna-se. Cuide da higiene básica. Lave em água corrente as mãos, as verduras, os legumes e as frutas. Não coma carne crua ou mal passada. Fora de casa, evite comer verduras. Verifique a higiene das verduras e legumes que compra.

 

Leve também o gato periodicamente ao veterinário para saber se ele continua isento de toxoplasmose (a doença tem tratamento para os eventuais sintomas, mas não tem cura).Assine já a sua revista Cães & Cia e cuide melhor do seu pet com informação de qualidade! Clique aqui